sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

JORNAL FOLCLORE
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RESUMO DA EDIÇÃO 179 (JANEIRO 2011)
EDITORIAL
PARECE MAS NÃO É
Saberão alguns grupos que, mudando de farpela e cantarolando de forma algo despropositada cânticos Natalícios estarão desviados de uma efectiva representação etnográfica? Falamos dos trechos anunciados como populares / tradicionais e que mais não são do que temas de composição conhecida. A atender àquilo que se ouve no desempenho de alguns grupos, ficam sérias dúvidas sobre o rigor da representação. Com efeito, em muitos casos as cantilenas ditas de Natal, que se queriam da inventiva popular de tempos idos, mais não são que actuais composições poéticas (?), que se ajuntam a melodias religiosas contemporâneas, rebuscadas nas práticas sacerdotais de hoje.
A completa ausência de uma pesquisa, judiciosa e sensata, das cantigas populares que aludem ao Natal, ao nascimento de Jesus e às três divindades, é o mal de todos os males na reprodução d e alguns cânticos que se ouvem na quadra Natalícia interpretados por grupos folclóricos, porque não são trechos da nossa etnografia, ou seja, são temas de conhecida criação e de um tempo actual.
Aquelas loas e cantares da religiosidade popular, criadas e participadas de forma anónima e colectiva entre as diversas comunidades, estarão arredadas do trabalho de alguns grupos por falta de um trabalho de recolha de temas da criação popular. Não cabem neste espaço os registos de desacertos de cantares Natalícios nascidos no seio do movimento folclórico pelo motivo que referimos. São cantigas de má construção (e de mau gosto), a que se junta uma melodia rebuscada nos cânticos religiosos actuais. No conjunto não há facto tradicional com valor etnográfico. Logo a versão criada estará desajustada numa empenhada representação folclórica. Mau grado quando a nódoa cai em bom pano.
O director
NOTA EDITORIAL
CONGRESSOS
A Federação do Folclore Português voltou a reunir em Congresso os representantes legais dos seus grupos membros. No espaço de dois meses o organismo chama a duas reuniões plenárias o movimento folclórico federado. Haverá porventura um esforço – quanto mais não seja administrativo – para que o trabalho aprovado dos grupos filiados se discipline e se corrija de incorrecções que maculam boa parte da representação folclórica. Os “gritos de Ipiranga” ressoam em cada Congresso, em simples encontros de folcloristas ou em intervenções públicas dos dirigentes. Os reparos ao desempenho de alguns grupos que ostentam o “selo de qualidade”, conferido pelos técnicos do organismo de Arcozelo, são frequentes e repetidos. Os ecos não se têm mostrado intensos e incisivos. Tão pouco terá sido perturbante para alguns dirigentes e responsáveis técnicos, que continuam a fazer valer a velha máxima “Faz o que eu digo, não faças o que eu faço”.
Decerto que no Congresso Nacional realizado há dois meses na Praia da Vitória (Ilha Terceira), foram reforçados os apelos à boa representatividade. E já antes, no Congresso Nacional de Jovens Folcloristas que decorreu em Novembro de 2009, em Guimarães, foram ratificadas por assembleia de mais de mil jovens folcloristas, normas e regras para o melhor desempenho de um sensato projecto de representação tradicional, como: reflectir sobre os desacertos etnográficos; sensibilidade para a triagem dos factos folclóricos; humildade em reconhecer os erros; autenticidade; não adulterar; postura adequada; respeito pela origem. Foram apenas algumas recomendações aprovados pela assembleia de jovens elementos activos de mais de uma centena de grupos de folclore. Porventura constituirão apenas uma página do extenso cardápio de preceitos exigidos pela mostra pública daquilo que são os factos folclóricos, e a que se propõem interpretar os grupos e ranchos de cariz tradicional.
As deliberações votadas em Congresso, e ratificadas por uma assembleia, têm espírito de Lei, e como tal devem ser tidas como regras a respeitar e a cumprir. A não ser assim, não servirá tanto esforço de quem organiza e de quantos participam.
O director
DESTAQUES
CONGRESSO NACIONAL EM AVEIRO REUNIU CENTENAS DE FOLCLORISTAS
Texto e fotos de Manuel João Barbosa

A Federação do Folclore Português reuniu em Congresso os representantes de uma parte dos seus grupos membros. Durante dois dias cerca de setecentos folcloristas estiveram em sessão plenária no Centro Cultural e de Congressos de Aveiro para tratar e debater a actividade do universo do folclore nacional. A assembleia de folcloristas concluiu-se pela aclamação das recomendações, que foram aprovadas por unanimidade.

Uma firme determinação de acudir às dificuldades e obstáculos que se abatem sobre a actividade folclórica nacional, levou ao Centro Cultural e de Congressos de Aveiro cerca de setecentos folcloristas, representantes de grupos membros do folclore federado. Não constituindo o número que era esperado pela organização, assim mesmo poderá dizer-se que a quantidade de congressistas que esteve no magnífico Auditório do Centro de Congressos porventura significará a força movimento folclórico nacional, que fez caminhar até Aveiro também representantes do folclore luso sediado em França e na Suíça.
(Desenvolvimento na edição impressa)
MANUEL AZENHA - A FLAUTA ENCANTADA
Texto e fotos: Manuel João Barbosa

É um artífice de flautas e domina como poucos os acordes do rudimentar instrumento musical. “Aprendi quando aos oito anos guardava porcos”, confessa sem vergonha os difíceis tempos da sua meninice. Trilhando o caminho dos humildes, comeu o pão que o diabo amassou. Da escola mal ouviu falar, porque os dias eram de trabalho, da alvorada até “noite caída”. Na aspereza da vida, o menino “guardador de porcos” se fez homem. Sempre com uma mão cheia de nada. À sua existência ajuntou a música, que, afirma, “sempre foi a minha paixão”.

Ti’Azenha nasceu há 88 anos num lugarejo do interior norte do concelho de Santarém – Gançaria – então com pouco mais de uma centena de habitantes. A sua meninice foi de agruras, trazidas pela inclemência da vida de então. Mimos de criança nunca conheceu. Muito cedo iniciou os passos que só aos adultos estavam reservados. A ardósia, o caderno e o lápis foram substituídos por um pequeno pau, que o ajudava a conduzir pelas serranias das redondezas uma vara de porcos. Foram assim os dias de escola de um menino franzino, que muito antes do tempo se viu obrigado a crescer.
(Desenvolvimento na edição impressa)

NOTÍCIAS
- Federação do Folclore Português organiza a cerimónia do Óscar Mundial do Folclore em 2012
- Novo executivo toma posse no dia 9 de Janeiro. Federação elegeu novos corpos sociais para o triénio de 2011/2013
- Grupo Cancioneiro de Castelo Branco é o mais novo membro efectivo da Federação
- Rancho da Ribeira de Celavisa lançou CD
- Rancho Rosas do Lena prepara para Março uma semana cultural para comemorar o 48.º aniversário
- Rancho da Lapa (Cartaxo) está a organizar um Encontro de Instrumentos Tradicionais
- Museu de Arte Popular reabriu parcialmente
- Município de Gondomar apoia a actividade folclórica do concelho com 41 mil euros
- Espólio etnográfico ao ‘Deus dará’ em Alpiarça
- S. Torcato (Guimarães): Augusto Freitas foi homenageado e recebeu o Grande Colar Cultural Cruz de Malta
- Grupo Cancioneiro de Cantanhede reúne em jantar convívio
- Grupos comemoram o Natal à mesa
- Associação do Distrito de Lisboa promoveu sessão de formação para grupos associados
- Concurso de Etnografia promovido pela Fundação INATEL teve a final no Teatro Miguel Franco, em Leiria
- Santarém: Cantigas e tradições do Ribatejo no palco do Teatro Sá da Bandeira
- Etnográfico Danças e Cantares do Minho actuou em Malta

OPINIÃO
Representatividade etnográfica. Algumas reflexões e considerações (I). Por: Dr. Daniel Calado Café

SECÇÕES:
ESFINGE – História interminável, pelo Dr. Aurélio Lopes
TRADIÇÃO / INOVAÇÃO – Recolher nas fotografias, pelo Eng.º Manuel Farias

* PORQUE NÃO TE CALAS?

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