sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Jornal FOLCLORE


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Edição N.º 156 (Fevereiro 2009)

EDITORIAL
Janeiras ou “Janeiradas”?

Uma forma simples de honrar os sãos princípios da fé e da religiosidade popular, expressa-se, por exemplo, nas orações Natalícias, clamando ao bendito pelas boas venturas. Na capela, ou de porta em porta, cantava-se a José e ao Menino, a Maria e aos Anjos. Era assim, num tempo passado que se cursava a crença religiosa, por alturas do nascimento do Divino. Um hábito que se tornou tradição, e se arreigou tão profundamente no espírito das nossas gentes de aldeia.
O sagrado acto de fé e de louvor a Deus, deve-nos merecer respeito e muita veneração, e principalmente por parte daqueles grupos que se organizam aleatoriamente unicamente com o repudiante propósito de angariarem fundos para fartas comezainas e proveito próprio. Em grupos organizados, os pseudo “cantadores de Janeiras” calcorreiam montes e vales a “pedir” a dádiva, em troca de uma improvisada cantilena. Os fins – puramente mercantis – são geralmente atingidos. Impera o interesse grosseiro e especulador, explorando a boa fé e os sentimentos alheios.
O eco chega-nos do norte do país, onde o tradicional costume mais se vulgarizou, e hoje é recriado pelos grupos de folclore como forma de preservar as tradições. Honra seja feita aos verdadeiros mentores da tradição popular; castigo e punição aos “peçonhentos” grupos-capangas que se prestam à extorsão e a uma descarada pilhagem.

NOTA EDITORIAL
Réplicas

Os órgãos de soberania da Presidência da República e do Governo não optaram este ano por qualquer grupo de folclore para ouvirem cantar as Janeiras, o costume popular que transporta os desejos de Bom Ano e, no caso dos governantes, deixar os votos de pleno sucesso nas decisões tomadas na governação do País. É esse o sentimento do velho costume que o povo, na sua simplicidade, elegeu para saudar, na data cíclica, quem entendesse querer bem.
De há uns anos a esta parte, o tradicional hábito passou a figurar nas agendas oficiais da mais alta personalidade da Nação, o Presidente da República, e do líder do Governo, o Primeiro Ministro. Os grupos de folclore têm sido particularmente distinguidos na selecção dos grupos participantes pelas altas instâncias, enquanto fies representantes do povo e das tradições populares, levando às respectivas residências oficiais a palavra cantada de boas venturas. Este ano, as assessorias em Belém e S. Bento optaram por outras formações, mais vocacionadas para a vertente sócio-recreativa e de solidariedade social.
Não cremos que tenha havido intenção de preterir os grupos tradicionais de folclore, que sempre valorizam, de forma altiva e adequada, as respectivas cerimónias. E disso temos sido testemunha presente de há uns anos a esta parte, por força dos apontamentos de notícia que temos registado e aqui publicado. Decerto que outras razões se justapuseram. Mas “quem não se sente não será filho de boa gente”, como diz o povo na sua forma sábia de caracterizar as situações. Com efeito, a mensagem cantada por genuínas formações tradicionais – os grupos de folclore – dá mais encanto à cerimónia. Sem, desprimor para as demais organizações de “Janeireiros”.
O autêntico e o verdadeiro nestas figurações soa sempre bem.


DESTAQUES
ALDEIAS DE XISTO
As casas da natureza

De despretensiosa arquitectura e rudimentar construção espalham-se pelas serranias das Beiras. São as casas de xisto, admiráveis postais do país profundo. A singeleza das típicas estruturas, de invulgar e respeitável beleza, combina em pormenores marcados por uma traça esboçada pela tradição. São lugares ímpares, que estreitam laços com a natureza, ajustando-se de forma sublime ao enquadramento paisagístico das regiões. Visitá-las é conhecer um mundo novo, um mundo que foi de asperezas e de agruras. Um mundo que se chama Candal, Talasnal e Casal Novo. Aqui estamos e daqui saímos com uma reconfortante paz de espírito. Tente a aventura.

Texto e fotos: Manuel João Barbosa

Candal, Talasnal e Casal Novo são aglomerados de casas seculares que se acomodam nas íngremes encostas da aprazível e encantadora Serra da Lousã. Por vertentes deixam cair cristalinas águas em impressionantes cachoeiras, encaminhando-as por regatos e pequenos riachos. Implantadas em locais de soberana paisagem, contemplam um imenso horizonte, só cortado, por vezes, pela encosta de uma montanha vizinha.
A nossa reportagem foi um destes dias ao encontro dos lugarejos imemoriais da Serra da Lousã. De xisto levantados, o período da sua construção remete-nos para uma época recuada no tempo talvez quatro séculos. Estima-se que o povoamento das aldeias se tenha iniciado no século XVI.
Pedra sobre pedra, as resistentes paredes fazem com que a humilde habitação (…)
(Desenvolvimento na edição impressa)

- Os grandes Festivais de 2009


REPORTAGENS
- Vila Nova de Gaia: Rancho de Nossa Senhora do Monte de Pedroso promoveu almoço para duzentos convivas
- Grupo Besclore promoveu Reisadas em Lisboa
- Rancho de Riachos festejou o 51.º aniversário
- Presidente da República e Primeiro-ministro ouviram cantar as Janeiras


NOTÍCIAS
- Jovem folclorista das Praias do Sado foi o vencedor do concurso da TVI “Uma Canção para Ti”
- Almoço anual do Grupo “Verde Minho” cumpriu a tradição
- ÚLTIMA HORA - Assaltada a sede do Grupo Folclórico de Macinhata do Vouga, Águeda
- Ronda Típica de Carreço comemorou aniversário
- Madeira: 60 anos de folclore do Grupo da Camacha em exposição
- Faleceu Fernando Soares, folclorista de Loulé
- Faleceu António Cruz, acordeonista no Grupo Típico de Ançã
Tributo
- Rancho Flores das Cortes organizou a Festa do Idoso
- Convívio natalício na Misericórdia de Soure
- Câmara de Coimbra edita CD com cânticos natalícios e dos Reis
- AFERM promove iniciativa
Reis Magos recebidos em Coimbra
- “Cantar os Reis” pelo Grupo Folclórico de Coimbra
- Cantares de Janeiras em Santa Maria da Feira
- Mourisca do Vouga: Janeiras a favor das obras do Museu Etnográfico
- Grupo de Folclore da Casa de Portugal no Principado de Andorra cantou as Janeiras
- Encontro de Janeiras em Fânzeres e em Serzedo (Vila Nova de Gaia)
- Janeiras a Sócrates põem altas patentes do Exército em pé de guerra
- Constituição da Associação de Folclore do Distrito de Santarém. Assembleia de folcloristas ratificou projecto dos Estatutos e do Regulamento Interno

Entrevista
Associação para a Defesa da Cultura Tradicional do Distrito de Lisboa afasta grupos que persistem no equívoco

SECÇÕES

Inovação / Tradição
Esfinge


CARTAS AO DIRECTOR
- No folclore por gosto

PORQUE NÃO TE CALAS?

PLANOS DE ACTIVIDADE
- Rancho Folclórico e Recreativo de Godim, Régua
- Grupo Folclórico da Juventude de S. Julião de Água Longa

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