terça-feira, 4 de novembro de 2008

Jornal Folclore

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Edição N° 153 – Novembro 2008

Nota Editorial

Conselhos aos conselheiros

Dizia-nos há dias um devotado folclorista, pessoa dotada de uma sensata apreciação das coisas do folclore, e que sempre comenta as imperfeições do movimento folclórico com reparos cautelosos e dentro de um critério equilibrado de julgamento: “os conselheiros da Federação, na sua maioria, são quem mais precisa de ser aconselhado”, conjecturou. Respeitando o especial sentido de observação do nosso comunicador, ficámos convictos da verdade do reparo. Na verdade, grande parte dos erros que maculam o trabalho dos grupos membros da Federação, seriam aperfeiçoados se alguma formação houvesse. Naturalmente que nem todos estão no mesmo saco. Conselheiros há que guardam uma inquestionável capacidade de análise sobre os aspectos da etnografia e do folclore, justamente porque desfrutam de uma enorme experiência, da pesquisa à representação, e que assim certificam um grau de aptidão e competência. Mas a forma aleatória como foram reforçados, em devido tempo, os núcleos técnicos regionais, deixa alguma incerteza na habilitação à incumbência de examinar tão complexo trabalho. Talvez a triagem não tivesse obedecido, como devia, a indispensáveis critérios de aptidão. Ainda há dias ouvimos um conselheiro afirmar textualmente: “Eu não sei analisar o trabalho de um grupo de folclore”! Louve-se, pelo menos, a sinceridade.
Anunciam-se agora acções de formação, exclusivamente viradas para a alinhar os conhecimentos dos conselheiros da Federação do Folclore Português. O mentor do projecto merece-nos especial respeito, pelos conhecimentos técnicos de que dispõe e pelas provas dadas em sucessivos trabalhos de representação. Nasce a esperança de um melhor e mais entendido trabalho sobre as questões do folclore junto dos grupos de representação, que carregam a responsabilidade do carimbo da Federação. É tempo de pôr ordem na casa. E de fazer cumprir as regras pela fidelidade possível dos aspectos tradicionais. Os palcos de exibição folclórica que recebem os grupos federados, devem constituir um espaço interessante de boa representação, e deixarem de ser redutos de vergonhosos disparates, anunciados como momentos folclóricos. O exemplo deve partir de cima.

O director

Editorial

Os plágios
O cantor Tony Carreira foi acusado de ter plagiado composições de um seu colega mexicano. Logo a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) se apressou a investigar a usurpação dos temas pelo artista seu associado.Em idêntica situação estão centenas de temas do folclore nacional, que foram plagiados por outros “Carreiras” da nossa praça artística, e que ousaram chamar a si a sua autoria, registando-os como sua propriedade. É a arte de copiar e não de criar.Em devido tempo alertámos a SPA para o assalto que muitos artistas estavam a fazer ao folclore nacional, copiando de forma descarada as melodias de muitos trechos tradicionais, e registando-as na Associação de Autores – SPA - como obras suas. Fomos advertidos que “bastaria que o associado tenha alterado uma nota musical para que o tema passasse a ser outro e não o original”. Elementar! Uma forma de sacudir a água do capote. De forma desapropriada, registe-se.Se o plágio do sr. Carreira teve, por felicidade sua, alterar só que seja uma nota musical da composição do artista mexicano, bem poderá descansar o artista de Pampilhosa da Serra. Ou os regulamentos da SPA são uma faca de dois gumes…
Destaques
Quem acha que aprender é caro, experimente a ignorância e verá quanto lhe custaFormação. Porquê?
Engº. Manuel Farias
Não há domínio de actividade ou a realização de acções que consumam recursos que estejam livres da exigência de boas performances, de eficácia nos objectivos e de melhoria contínua dos seus resultados. Para tal, a formação não sendo o único instrumento para fornecer competências, é o recurso mais imediato para dinamizar a melhoria com que se constroem os percursos e instala a confiança no sucesso. Invariavelmente, é o sucesso que pode trazer a remuneração para compensar os recursos empregues (ainda que tenham sido angariados de modo voluntário) e dispor de uma reserva abundante de motivação das equipas e de auto-estima elevada dentro das organizações.Em tempos de valorização e de reconhecimento de competências, o movimento do folclore não se poderá excluir deste desafio e de alcançar bons resultados. O futuro assegura-se através da capacidade de adaptação às mudanças que ocorrem e não pelo esforço conservador de manter os estados e as soluções já consagradas, por maior sucesso que tenham tido no passado.
(...) Desenvolvimento na edição papel.
O director

GLÓRIA DO RIBATEJO: Lenços e xailes saíram das arcas e baús

Manuel João Barbosa

De cachené ou de seda, usados por sentimento ou festa. Estampados às estrelas, às grades, aos ramos, às bichas, aos anéis, às cartas, e outras descrições que o povo criou para definir cada tipo de estampagem. Os lenços da cabeça que caracterizavam de forma distinta as mulheres e moçoilas da Glória do Ribatejo em épocas recuadas, saíram às dezenas das arcas e dos baús, e das gavetas das cómodas. Boa parte do rico e vasto manancial veio à rua para relembrança de alguns e curiosidade de outros. Todos originais, com muitos anos, mas que um cuidadoso resguardo tem preservado de forma incólume à voragem do tempo. “No conjunto perfazem algumas centenas de variedades, com padrões estéticos muito apurados”, diz Rita Pote, do Rancho da Casa do Povo local. Boa parte recolheu às trevas das gavetas, por requisito dos herdeiros.

Como tema do cortejo etnográfico deste ano, integrado no Festival Nacional de Folclore realizado em Julho, o Rancho Folclórico da Casa do Povo da Glória do Ribatejo (Salvaterra de Magos) trouxe à mostra pública um manancial vastíssimo de lenços e xailes, importante e rico espólio etnográfico que tem estado escondido na escuridão de gavetas e arcas. São centenas de peças do vestuário feminino da Glória do Ribatejo, que ainda se preservam religiosamente e que constituem orgulho das mulheres glorianas, que nelas recordam o brio com que luxavam tão simples mas vistosos ornamentos das suas vestes. Em desfile pelas ruas e em exposição estiveram mais de setenta peças, quase todas com cem anos e mais, tempo calculado pelas sucessivas gerações que preservaram as herdadas relíquias.
(...) Desenvolvimento na edição papel.

Reportagens

- Festival de Folclore Internacional do Alto Minho – Viana do Castelo foi porto de encontro de povos e culturas
- VII Encontro Nacional de Tocadores de Concertina – Uma centena de concertinas tocaram na Barrenta
- Lisboa: folclore enche de festa a Baixa Pombalina

Notícias

- Jornadas Outonais do Cancioneiro de Àgueda
- Grupo de Vila Nova de Paiva celebrou as Bodas de Prata
- O Grupo Cultural Semente esteve na Sardenha
- Encontro de Folclore ‘Vida na Aldeia’ em Arões
- Colheitas festejaram-se em S. Torcato
- Festival de Folclore das Vindimas na Régua averba mais um êxito
- Rancho da Correlhã ofereceu folclore e castanhas…
- …e organizou uma Tarde de Folclore Infantil
- Grupo Folclórico de Taveiro festejou 33 anos
- Matança de porco na Portelinha
- Velha tradição cumpre-se em Caminha
- As “Alminhas de Merda” atraem centenas à Cova da Onça no Dia de Todos-os-Santos
- Assembleia da República: PS voltou a chumbar um projecto de apoio à comunicação social
- Rancho de Torredeita toma posse do património da antiga linha férrea do Dão
- José Travaços Santos apresentou novo livro
- Almoço Limiano na Casa do Concelho de Ponte de Lima
- Festa da Esteira, doçaria e artesanato em Arzila
- Cancioneiro de Cantanhede assinalou as Bodas de Prata
- “Lavadeiras do Sabugo” ouviram cantar os parabéns pelo seu 42.º aniversário
- Festival do Rancho de Salvaterra de Magos evocou a memória de um ex-dirigente falecido
- Rancho Típico da Amorosa prossegue comemorações do 73.º aniversário
- Associação Folclórica da Região de Leiria promove colóquio
- Rancho 'Cravos e Rosas' de Santa Maria de UL comemorou o 20.º aniversário

SECÇÕES
- Esfinge - Um mão cheia de nada, pelo Dr. Aurélio Lopes
- Inovação / Tradição – Encenação, pelo Eng.º Manuel Farias
Opinião
- O folclore que eu vi
- AÇORES: Cantadores de desafio (improvisadores)

Discografia

- Rancho Juvenil de Loulé edita DVD; Rancho Folclórico de S. Cosme de Gemunde (Maia); Rancho Folclórico da Casa do Minho (Lisboa); Rancho Folclórico Regional do Sorraia (Coruche)

Livros
Novos Corpos Gerentes
Cartas ao director
Porque não te calas?
Planos de actividade
Festivais de Folclore
Novembro
Dia 2
Rancho de Folclore e Etnografia “Os Ceifeiros da Bemposta” (Bucelas). Festa de Folclore Infantil. Às 16 horas. Participação do Rancho Infantil de Folclore e Etnografia “Os Ceifeiros da Bemposta” (Bucelas) e dos Ranchos Infantis de Alviobeira (Tomar) e do Carregado.
Dia 8
Rancho Folclórico do Bairro de Santarém. Às 21h30. Participação do Rancho Folclórico do Bairro de Santarém; Rancho Folclórico e Etnográfico Danças e Cantares da Mugideira e Rancho Folclórico da Casa do Povo de Salvaterra de Magos.

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