terça-feira, 5 de julho de 2011
Praceta Pedro Escuro, 5 – 2.º Dt.º - 2000-183 Santarém
Apartado 518 2000–906 SANTARÉM – E-mail: jornalfolclore@gmail.com
Telefone e Fax: 243 599 429 – TM 919126732
TÍTULOS DA EDIÇÃO
EDITORIAL
FÁTIMA
O que faz milhares de folclorista trajados a rigor se associarem à Peregrinação Nacional do movimento folclórico a Fátima, que anualmente a Federação promove? Devoção ou Fé? O acto de participar ou o facto de estar em Fátima? Todos defendem um certo “sentimento de bem-estar”. Também a Fé, que “carrega esperança”. Esperança em algo que se deseja, implorando graças. Depois, a religiosidade, o respeito pela santidade, pelo divino, pelo sagrado. Rezar em Fátima nunca será o mesmo que orar na capela ou na Igreja da aldeia ou da vila. Fazê-lo no Santuário, no altar das aparições, enche a alma e reconforta o espírito. E parece tornar-se estimulante. A realidade peregrina ao espaço sagrado é incontestada. E não só pelo impulso de uma religiosidade popular, mas de toda a sociedade.
O “sentir bem” – como quase sempre ouvimos dizer, e vulgarmente é assim definida a presença no Santuário – esconde muitas vezes outras razões que a própria razão desconhece.
No dia 29 de Maio a força do folclore nacional voltou a integrar a peregrinação, representando-se com cerca de quatro mil figurantes trajados a rigor. Não foram, certamente, para abençoar a causa que participam, mas decerto impelidos pela Fé. E pelo alento que o simples acto desperta e faz sentir.
O director
NOTA EDITORIAL
Descentralização não ajuda à participação
A localização das iniciativas da Federação do Folclore Português é amiudadas vezes criticada pela maioritária realização no Norte do País, distanciando-se das regiões do Sul, de entre o Ribatejo e o Algarve.
Este ano o organismo fez descer, uma vez mais, a já mediática Exposição Nacional de Trajes ao Vivo ao Centro Sul do País, tendo em vista, não só descentralizar o evento, como ajudar a uma maior participação dos grupos da metade sul do País, encurtando as distâncias dos grupos sulistas. A intenção acabou por não ser correspondida, com o número de presenças de representantes do Ribatejo, Alentejo e Algarve a contarem-se pelos dedos de uma só mão. Para os grupos destas regiões, como da Baixa Estremadura, seria um salto a viagem até Porto de Mós, no Ribatejo Norte.
Foi assim também com a Peregrinação Nacional a Fátima; os representantes do Sul não chegaram a uma dezena!
Não valerá a desculpa de uma intensa actividade dos grupos na altura da realização para justificar as ausências. As datas das realizações são ainda de alguma acalmia no calendário de actuações.
Cai assim por terra o pretexto da enorme distância para levar à não participação. Afinal, centenas de quilómetros foram percorridos por muitos grupos do Baixo Minho, do Alto e Baixo Douro e mesmo da Beira Alta, onde sempre está a força da cooperação.
Compreende-se que é no Norte que está em maior número o movimento folclórico do País. Mas a percentagem encontrada é altamente minimizadora relativamente ao Sul. Em Porto de Mós estiveram apenas 2 representações do Alto Alentejo e 2 do Ribatejo; ausência total do Baixo Alentejo, do Algarve e da Estremadura Sul.
Compreensivas são, por razões conhecidas, as ausências das Ilhas. O que é pena.
É certo que a organização limitou as participações por uma questão de logística, especialmente pelo fornecimento de refeições, fixando-as em 600 inscrições. Mas decerto que seriam aceites outras inscrições do Sul, abatendo ao fluxo maior de outras regiões do Norte. Foi isso mesmo que nos fez sentir um dirigente da Federação.
O director
OPINIÃO
Elas não devem ser “eles”
O assunto já foi aqui tratado amiudadas vezes; travestir moças de rapaz. Voltamos à baila porque assistimos recentemente à actuação de determinado grupo que se exibia numa festa de Folclore com duas ou três moçoilas travestidas com trajes masculinos, talvez pela escassez de elementos do sexo oposto na formação. Falta de informação ou de sensibilização sobre as questões do folclore. Decerto que na terra do grupo em causa as moças dançaram entre si. Porque não retratar o preceito no grupo folclórico? O costume sempre foi usual entre as comunidades de todo o País. Era um hábito generalizado, e quase constituía uma praxe nos bailaricos as raparigas abrirem a função dançando entre si; só depois avançavam os rapazes. O grupo que nos traz uma vez mais a esta descomplexada questão, porventura desconhece esta regra tão básica de representar o seu folclore, e vá de travestir as suas bonitas moças, que para se distinguirem do restante conjunto masculino, não abdicaram de carregadas pinturas do rosto.
Usar calças com longos cabelos caídos pelas costas, retratando uma figura masculina dos anos vinte, é afrontar os sãos princípios morais e sociais do povo de então. O grupo de folclore que desenvolve um trabalho sério de representação, deve assim omitir a incorrecção da retratação, afastando o desacerto da representação. Convenhamos que à época, uma eventual transfiguração do sexo, só por arremedo era permitida, muito especialmente em alturas de brincadeiras carnavalescas.
Mulheres a dançarem umas com as outras era hábito usual e corriqueiro nos bailaricos populares. Aos grupos de folclore compete fazer a retratação do costume, fidelizando o acto. O erro continua a passear-se inadvertidamente pelos palcos da exibição folclórica. A mensagem chega aonde chega e nunca se espalha de forma tão intensa como era desejável. São descuidos quer continuam a proliferar entre o movimento folclórico. A sensibilização tarda a chegar e muitas representações, que continuam num barco à deriva, sem encontrarem bom porto. A palavra sabedora de quem mais entende não é ouvida ou não convém ser entendida. Prefere-se a prosápia pela autoria da obra criada, por um idealismo bacoco, maculando de forma ingénua e incauta os valores culturais do povo que nos antecedeu. A realidade que hoje relatamos evidencia um continuado desnorte daquilo que deveria estabelecer-se como regra da representação do folclore. MJB
DESTAQUES
Fátima. Peregrinação Nacional de Grupos Folclóricos a Fátima
Cova da Iria recebeu a etnografia de Portugal
Mais de 4000 trajes, representativos da etnografia do País, estiveram em Fátima, participando na IX Peregrinação Nacional de Grupos Folclóricos. A iniciativa – que celebra o Dia do Folclore em Portugal – é da Federação do Folclore Português e sempre conta com enorme adesão dos grupos seus membros associados. A organização contou ainda com a colaboração da Associação de Folclore de Leiria-Alta Estremadura e de alguns grupos de folclore da região. A RTP levou a cerimónia ao País e ao mundo, na habitual emissão dominical da eucaristia.
Texto e fotos: Manuel João Barbosa
Quase duas centenas de grupos de folclore rumaram ao Santuário de Fátima para participarem na Peregrinação Nacional, promovida pela Federação do Folclore Português. Os promotores folclóricos integraram a celebração ecuménica do dia 29 de Maio, que a RTP transmitiu especialmente através dos canais nacional e Internacional. Cerca de quatro mil trajes da tradição, representativos de boa parte da etnografia do País, ofereceram um ambiente desusado no espaço sagrado, proporcionando uma moldura humana incomum nas celebrações do Santuário.
(Desenvolvimento da edição impressa)
Santarém: O folclore animou a Feira Nacional de Agricultura
O Folclore do Ribatejo e de várias regiões do País animou diariamente o recinto da Feira Nacional de Agricultura, que decorreu em Santarém entre os dias 4 e 12 de Junho. Um Festival Nacional foi um dos principais pontos do programa no dia de abertura. Mas nos restantes dias, grupos da região ribatejana exibiram-se para gáudio dos milhares de visitantes.
Texto e fotos: Manuel João Barbosa
O programa da Feira Nacional de Agricultura privilegiou uma vez mais a vertente típica, retomada há alguns anos a esta parte, depois de um interregno que levou a quase uma ausência do Folclore na Feira. Uma grande parada do folclore nacional está nos objectivos da administração do Centro Nacional de Exposições (CNEMA), promotor da Feira. A proposta terá já sido apresentada à Federação do Folclore Português para que programe para o certame, por exemplo, uma exposição nacional de trajes, que o CNEMA patrocinará.
(Desenvolvimento da edição impressa)
NOTÍCIAS
- Parlamento Europeu disponibilizou em 2007, 400 milhões para a Cultura
- Federação desanimada com fraca adesão dos grupos do Sul às suas iniciativas
- Sociedade de Autores volta à carga para receber taxas pela exibição pública de Folclore
- Grupo Folclórico de Faro festejou aniversário. Centena e meia apagaram 81 velas
- Grupo de Folclore de Ponta do Sol fez uma viagem no tempo para comemorar 30 anos
- Rancho Regional de Gulpilhares comemorou as Bodas de Diamante
- Regional de Moreira da Maia festejou 77 anos
- Vinizaima do Chão, Águeda, reuniu-se à volta das tradições
- Grupo Juvenil de Galegos Santa Maria fez Festival
- Encontro de Tradições em Rio Tinto
- O programa “O Povo a Cantar” organizou festival com sessenta ranchos
- Ceifeiras e Campinos de Azambuja ofereceram interessante Festival de Folclore
- Folclore de Faro vai à Grécia
- Festitradições de Povos do Mundo não se realiza este ano
- Radialista português em Buenos Aires pede discos do nosso folclore
- Câmara do Cartaxo prepara assinatura de protocolos com as associações
- Câmara de Montemor-o-Velho atribui 200 mil euros ao associativismo
- Festival do Rancho do Cartaxo animou as festas da cidade
- Rancho da Região de Leiria ofereceu Festival à sua cidade
- Festival do Rancho da Casa do Minho no Jardim Vasco da Gama em Lisboa
- Porto de Mós; Tarde de Folclore levou muito público à Lagoa Grande
- Festival em Santo Varão reuniu centenas de folcloristas
- A-das-Lebres foi palco da festa do folclore
- Mau tempo fez recolher festa da Escola de Folclore de Erra
- Rostos de gente que tornou singular a Glória do Ribatejo. Rita Pote lançou “Glória – Cem Anos a Preto e Branco”
- José Travaços Santos apresentou um opúsculo de poemas
- Grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela comemorou 77.º aniversário
- Grupo de Santa Marta de Portuzelo comemorou 71 anos
- Rancho de Vila Nova do Coito levou o folclore à cidade e festejou as Bodas de Ouro
- Mau tempo não tirou o brilho ao Festival de Ançã
- Grupo Folclórico de Coimbra fez reviver a Serenata Futrica
- Serão de Tradições em Santana do Mato convidou a um regresso ao passado
- Prepara-se o Congresso Nacional de Folclore na Madeira
- Rede Aldeias do Xisto conta com mais três aldeias
SECÇÕES:
- FESTIVAIS – Os Festivais com realização no mês de JULHO
- TRADIÇÃO / INOVAÇÃO – Solidó (parte I), pelo Eng.º Manuel Farias
- PORQUE NÃO TE CALAS?
- CARTAS AO DIRECTOR
Subscreva a assinatura enviando o pedido ao
Apartado 518 – 2000-906 SANTARÉM
ou e-mail: jornalfolclore@gmail.com
Europa: 20,00 € * Europa: 25,00 € * Fora da Europa * 30,00 €
sábado, 28 de maio de 2011
RESUMO DA EDIÇÃO DE JUNHO
Apartado 518 2000–906 SANTARÉM
Telefone e Fax: 243 599 429 – TM 919126732
Bem-vindo ao Jornal Folclore on-line
TÍTULOS DA EDIÇÃO
EDITORIAL
O FOLCLORE E O TURISMO
No Congresso Nacional de Folclore que decorreu em Dezembro do ano passado em Aveiro, ouvimos o vice-presidente da Entidade de Turismo do Centro dizer que “os turistas sempre procuram a nossa identidade na cultura e nas tradições”, reconhecendo a “importância do folclore como factor de venda do turismo no País e no Estrangeiro”, enquanto, na mesma ocasião, o Governador Civil do Distrito de Aveiro, José Mota, afirmava que o “folclore é não só uma vertente de animação do nosso turismo, como uma fonte de informação cultural; os rostos dos turistas alegram-se quando lhes oferecemos o nosso folclore”.
Não sendo uma questão de “puxar a brasa à nossa sardinha”, provado está que o folclore não só é um vector de animação, a que quase sempre se associa a alegria da música e uma colorida imagem das coreografias, como ainda pelo despertar da cultura portuguesa, diversificada a cada passo no rectângulo do País. Há portanto, na apresentação do folclore, uma importante mostra cultural, que tanto interessa ao turista.
O exemplo anunciado pelo responsável do Turismo do Norte podia ser seguido pelos demais núcleos de turismo – do Centro e do Sul. E todos ganhavam, a começar pela satisfação daqueles que nos visitam. Também pela festa que o folclore oferece.
Como não há bela sem senão, deixamos um alerta: as mostras do nosso folclore devem ser sensatas e cautelosas, para não estarmos e vender gato por lebre. Isto é, não devemos oferecer um produto estragado. Os “postais” terão de oferecer uma boa imagem, sem estereótipos, mas com o rigor da retratação tradicional. Há muitos e bons projectos entre o movimento folclórico nacional capazes de um bom desempenho, e integrar as eventuais campanhas de animação turística. Se a sensibilidade das Entidades de Turismo não for apurada nesta área de modo a garantir uma selecção apurada das formações participantes, então que peçam a ajuda de quem entende da matéria.
O director
NOTA EDITORIAL
O PUDOR NO FOLCLORE... OU A FALTA DELE
Num acto de completo descaro, tornou-se costumeiro ver-se nas actuações de alguns grupos cenas de completo erotismo, oferecidas por bailadoras de um imaginado folclore, em perfeita contradição com a candura das mulheres de outros tempos. A ousadia passa pela atrevida exibição do corpo em roupas íntimas, nalguns casos de reduzidas dimensões. Alguma libertinagem da classe feminina de hoje não pode ser levada para os espaços onde supostamente devem ser reproduzidos factos e actos folclóricos, isto é, hábitos populares de um passado distante, num tempo em que o recato da condição feminina era ponto da honra da mulher. Este é um imperativo a que se obriga um verdadeiro grupo de folclore, cumpridor de um real projecto de retratação tradicional.
Se se afirma, de boca cheia, estar-se a representar momentos lúdicos do povo de há um século, como se atrevem alguns mentores e agentes da representação falsear a verdade? Convenhamos que as eróticas posturas que hoje se evidenciam nos palcos das exibições folclóricas, nada terão a ver com os princípios sociais da camada popular a que devem reportar-se as reproduções do folclore. E não chega vestir os celebérrimos colants para disfarçar algum rodopio mais atrevido e indesejado, escondendo intimidades físicas. O jeito e trejeito de levantar as saias tornou-se hábito e uma rotina quase obrigatória de muitos grupos de espectáculo - pretensamente folclóricos - da nossa praça.
Voltando atrás no tempo, e tendo em conta os modos sociais da época, adivinha-se quanto penalizaria socialmente uma moçoila da aldeia, ousar levantar a saia só que fosse à altura do joelho, mesmo que tal tivesse acontecido por descuido.
Bom senso precisa-se, para que as gerações vindouras, porventura mais pendidas para a investigação e o estudo das raízes culturais e tradicionais de ontem, não nos julguem por os termos enganado com pantominas irreais, falsas e ilusórias.
O director
DESTAQUES
EXPOSIÇÃO NACIONAL DO TRAJE AO VIVO. PORTO DE MÓS FOI MONTRA VIVA DE TRAJES REGIONAIS DO PAÍS
Por: Manuel João Barbosa
Mais de meio milhar de trajes tradicionais estiveram expostos ao vivo na cidade de Porto de Mós, envergados por outros tantos figurantes, protagonistas do admirável e deslumbrante espectáculo. Elementos activos de 80 grupos folclóricos, ofereceram uma mostra rica e variada da etnografia de boa parte do espaço nacional. Vestes de gosto e confecção aprimorada, ou mais simples e singelas, o desfile traduziu-se numa montra vastíssima da forma popular de vestir há um século atrás.
A Federação do Folclore Português, com a colaboração dos Grupos de Folclore do concelho de Porto de Mós, nomeadamente os Ranchos Folclóricos das Pedreiras, de Arrimal, de Cabeça Veada e de Mira de Aire, organizou com desvelo a Exposição Nacional do Traje, uma sua iniciativa que vem de há dezasseis anos, recebida este ano pela cidade de Porto de Mós.
(Desenvolvimento da edição impressa)
NOTÍCIAS
- Ministra da Cultura desfila trajada de mordoma nas Festas d’ Agonia, em Viana do Castelo
- Águeda: Beltane em Belazaima
- “FOLCLORE À RASCA”. Afinal há muito dinheiro nas Câmaras Municipais!
- Festival do Rancho Tá-Mar animou a Páscoa na Nazaré
- Rancho de Salvaterra de Magos assinalou aniversário com Festival
- Folclore leva a festa à Fonte da Senhora (Alcochete)
- Rancho Regional de Ílhavo realizou Festival da Primavera
- Grupo de Castelo do Neiva comemorou o 36.º aniversário
- Festival ‘Cidade de Lisboa’ no parque do eucaliptal de Benfica
- Tarde rica de Folclore em Arrimal, Porto de Mós
- Os Serranos na Galiza
- Festival Infantil do Cartaxo animou Festa do Vinho
- Folclore famalicense em Mirandela
- Torricado reuniu à mesa duas centenas de convivas em Glória do Ribatejo
- Rancho Folclórico da Correlhã recebeu Medalha de Mérito Cultural
- Feira Rural em Paranhos à moda antiga
- Encontro de Instrumentos Tradicionais e conversas sobre Folclore no Sardoal
- Viseu: Rancho Folclórico de Calde passou a membro efectivo de Federação
- Grupo Folclórico de Faro vai festejar 81anos
- Rancho do Vale de Santarém em almoço comemorativo do 55.º aniversário
- O Vira assinalou o Dia Mundial da Dança em Viana do Castelo
- Rancho de Torredeita promoveu Encontro Luso-Francês
- Danças do Mundo – Festival Internacional das Terras da Feira decorre entre 20 e 31 de Julho
- Viana do Castelo: mostra Etnográfica do Eixo Atlântico de 17 a 19 de Junho
- Rancho da Casa do Povo de Angeja actuou em Montataire (França)
- Cultura ibérica assinala aniversário do Grupo de Folclore da Casa de Portugal em Andorra
- O Folk Cantanhede fez a sua apresentação pública
- LINGUAJAR POPULAR - Falares secretos do mindrico
- Vencedores do Concurso de Etnografia mostraram-se no Teatro da Trindade
SECÇÕES:
- TRADIÇÃO / INOVAÇÃO – Trajo ou trajar?, pelo Eng.º Manuel Farias - PORQUE NÃO TE CALAS?
A S S I N E
terça-feira, 3 de maio de 2011
RESUMO DA EDIÇÃO DE MAIO
Apartado 518 2000–906 SANTARÉM
Telefone e Fax: 243 599 429 – TM 919126732
Bem-vindo ao Jornal Folclore on-line N.º 183 (MAIO)
RESUMO DA EDIÇÃO
EDITORIAL
Folclore na televisão. Assim não!
As televisões generalistas porventura se preparam já para no Verão que aí vem se passearem pelo País profundo – ou não – emitindo programas de entretenimento de variadas regiões, dentro naturalmente de acordos financeiros com as respectivas autarquias. É a lógica da economia de uns e o dispêndio de outros, os que choram baba e ranho por não lhes entrar cofres adentro o dinheiro que querem.
Não raro é chamado às emissões o folclore regional. Mau grado – salve-se algumas excepções – na maioria das vezes o folclore está arredado do desempenho das formações convidadas, desfasadas que estão de uma efectiva retratação dos aspectos tradicionais da região de inserção, na ausência de um trabalho de recolha. E para o ar – como nos palcos das mostras públicas – vai todo um chorrilho de asneiras, que envergonham o mais cândido folclorista. As bocas enchem-se de folclore! Dos apresentadores e dos dirigentes e bailadores dos grupos. Mas esse, o folclore, não está lá; estará a léguas.
A responsabilidade pelas caricatas prestações é inteirinha das autarquias que patrocinam a viagem dos predadores para as suas participações nas emissões televisas, pois que compete aos autarcas indicarem os protagonistas locais da animação dos programas, a pedido da produção. Lamentável é quando os próprios eleitos são desconhecedores de um acertado trabalho de representação cultural, que nalguns casos não existe em boa parte dos seus embaixadores culturais. Todos são representativos do folclore desde que se auto-denominem de folclóricos. E a sensação agradável no espectador por uns bons momentos musicais e de boa representação não acontece. Antes, pelo contrário, fica o desagrado e uma consequente má imagem concelhia. Mais valeria nada.
Desejamos que o bom senso dos produtores “televisivos” – e dos autarcas – permaneça no Verão que aí vem.
O director
NOTA EDITORIAL
Relembrar costumes
Anuncia-se entre o movimento folclórico nacional a realização de actividades etnográficas que levam à relembrança de tradições e costumes do passado. Os promotores são naturalmente grupos de folclore, que assim acrescentam à sua regular actividade outras vertentes da cultura popular tradicional. Chamam-lhe ‘serões de tradições’ ou ‘encontros tradicionais’, como ainda outras designações que se ajustam ao desempenho do diferente espectáculo de folclore - a retratação dos factos tradicionais. Parece-nos que o modelo está a pegar e a fazer moda nos novos tempos entre a actividade folclórica. Existe vontade de valorizar o trabalho, até então exclusivamente desenvolvido à volta das danças e das cantigas. Estão muito batidas a teclas que escrevem ‘folclore não é apenas dançar e cantar’, sabido que ainda permanecem nas memórias vivas outras vertentes da cultura popular tão ou mais importantes que o folclore bailado e cantado, e que têm sido esquecidas no trabalho dos grupos folclóricos. É a outra parte do folclore que tem sido desvalorizada e mesmo olvidada.
Porventura os grupos estarão a despertar para uma premente necessidade de enveredarem por outras formas de representação do folclore, banindo uma lacuna que há muito se fazia sentir entre o movimento folclórico. São vários os grupos que há muito tornaram efectiva a organização anual de um ‘serão de tradições’. O resultado sempre se pauta pelo êxito, pela inovação do espectáculo folclórico. Naturalmente também porque muitas das recriações fazem com que as camadas mais antigas do público que assiste, revivam costumes e hábitos dos seus tempos de meninos e moços. E as gerações recentes convivam com as suas raízes.
Contudo, o desempenho da recriação das vivências de outros tempos deve ser rodeado por uma conveniente e judiciosa preparação dos “actores” – o conjunto de figurantes que fazem a representação. Como ainda de uma acertada montagem cénica – a estrutura dos cantos e recantos que foram sítios rotineiros dos costumes em representação. No seu conjunto, tudo ajudará a um êxito garantido da nova mostra de folclore. Há muitos e bons exemplos disso, com as vozes de quem assiste a pedir a sequência da iniciativa. O folclore sai valorizado pela complementaridade da sua representação, e os grupos promotores e participantes ganharão pela inovação do espectáculo folclórico.
Se porventura o incentivo deixado por alguns apontamentos de reportagem que temos feito publicar nestas páginas provocou o interesse para novos projectos, isso nos deixará naturalmente satisfeitos, reforçando a promessa de continuarmos a estar onde esses acontecimentos ocorrerem, trazendo-os ao conhecimento geral. E se, por uma questão de agenda, a caneta do repórter do Jornal não puder “talhar” o modelo do espectáculo, que seja a informação dos promotores a permitir a elaboração da peça jornalística.
O director
DESTAQUES
FOLCLORE "À RASCA". Grupos de folclore estão como peixe na água sem oxigénio
Por: Manuel João Barbosa
Como os jovens da actual “geração à rasca”, também o movimento associativo folclórico foi tocado pelas restrições financeiras impostas por uma crise sem limites, e que afecta tudo e todos. Os apoios escasseiam cada vez mais e nalguns casos foram mesmo suprimidos. Significa isso, que os grupos folclóricos se encontram sem condições para desenvolverem a sua actividade na falta de serviços prestados remunerados e sem oportunidades para desenvolverem iniciativas produtoras de proventos. Estão, também, numa situação de “à rasca”.
Começou por uma restrição na cedência de transportes. Depois tocou aos subsídios, de manutenção associativa e cultural, de aquisição de bens, como a construção de sedes, compra de viaturas de serviço e ajuda à aquisição de trajes. Os grupos folclóricos não fogem à regra e encontram-se assim também na situação de “à rasca”.
Arcozelo: Feira Rural Portuguesa
Por: Manuel João Barbosa
Foram muitos os feirantes que assentaram a sua venda na Feira Rural, que decorreu como habitualmente no Largo da vila-sede da Federação do Folclore Português: Arcozelo. Representadas variadas regiões do País, de Trás-os-Montes às Beiras, como do Minho e do Douro. Os produtos diversificaram naturalmente consoante a zona de procedência. Dão fumeiro ao artesanato, passando pela gastronomia tradicional, a oferta era farta.
A Feira Rural Portuguesa em Arcozelo faz já parte do roteiro social da região, como do turismo. Por isso, foi uma vez mais grande a afluência de público ao recinto, naturalmente curioso da recriação de costumes e hábitos de outros tempos, mas também seduzido pela variada oferta de produtos da terra ou da confecção popular, que ostentavam a marca tradicional de diversificadas regiões do País. A festa foi protagonizada pela animação de vários grupos folclóricos, tocadores de concertina, violas e cavaquinhos, como de virtuosos cantadores ao desafio.
NOTÍCIAS
- ‘Em Festa’: o folclore na televisão
- Grupos folclóricos com estatuto de Entidade de Utilidade Pública. Entidade Colectiva de Utilidade Pública. O que é?
- Instrumentos musicais populares celebram o vinho em Alcanhões
- Associação Etnográfica Os Serranos em Assembleia Geral
- Gala da Concertina em S. Mamede de Infesta
- Arraial Popular assinalou o 32.º aniversário do Rancho de Benfica do Ribatejo
- Grupo Vila de Pereira assinalou aniversário com festa da queijada de Pereira
- Rancho Etnográfico da Cela Velha promoveu homenagem a Humberto Delgado
- Palestra em Tomar pretendia esclarecer e formar, mas... Jovens folcloristas da Região dos Templários alhearam-se de aula sobre etnografia
- “O Rancho do Coração”
- Festival Internacional de Almeirim em acção de lançamento da edição de 2012
- Alunos de Escola de Montalegre venceram concurso internacional em Itália a tocar concertina
- Associação de Tocadores de Concertina de Ponte de Lima realizou Feirão anual
- Costumes de outros tempos convidaram a um regresso ao passado em Coruche. ‘Tradições de um Povo’. Recordar é viver!
- Rancho de Aveiras de Cima festejou aniversário com recriações etnográficas
- Mostra do Folclore concelhio de Alcobaça em Louções
- Encontro de Cantares Quaresmais em Idanha-a-Nova
- Mais ‘Recadinhos à Botica’
SECÇÕES:
- FESTIVAIS – Os Festivais com realização no mês de Maio
- TRADIÇÃO / INOVAÇÃO – Régua e esquadro, pelo Eng.º Manuel Farias
A S S I N E