JORNAL FOLCLORE
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Apartado 518 2000–906 SANTARÉM
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Bem-vindo ao Jornal Folclore on-line N.º 183 (MAIO)
RESUMO DA EDIÇÃO
EDITORIAL
Folclore na televisão. Assim não!
As televisões generalistas porventura se preparam já para no Verão que aí vem se passearem pelo País profundo – ou não – emitindo programas de entretenimento de variadas regiões, dentro naturalmente de acordos financeiros com as respectivas autarquias. É a lógica da economia de uns e o dispêndio de outros, os que choram baba e ranho por não lhes entrar cofres adentro o dinheiro que querem.
Não raro é chamado às emissões o folclore regional. Mau grado – salve-se algumas excepções – na maioria das vezes o folclore está arredado do desempenho das formações convidadas, desfasadas que estão de uma efectiva retratação dos aspectos tradicionais da região de inserção, na ausência de um trabalho de recolha. E para o ar – como nos palcos das mostras públicas – vai todo um chorrilho de asneiras, que envergonham o mais cândido folclorista. As bocas enchem-se de folclore! Dos apresentadores e dos dirigentes e bailadores dos grupos. Mas esse, o folclore, não está lá; estará a léguas.
A responsabilidade pelas caricatas prestações é inteirinha das autarquias que patrocinam a viagem dos predadores para as suas participações nas emissões televisas, pois que compete aos autarcas indicarem os protagonistas locais da animação dos programas, a pedido da produção. Lamentável é quando os próprios eleitos são desconhecedores de um acertado trabalho de representação cultural, que nalguns casos não existe em boa parte dos seus embaixadores culturais. Todos são representativos do folclore desde que se auto-denominem de folclóricos. E a sensação agradável no espectador por uns bons momentos musicais e de boa representação não acontece. Antes, pelo contrário, fica o desagrado e uma consequente má imagem concelhia. Mais valeria nada.
Desejamos que o bom senso dos produtores “televisivos” – e dos autarcas – permaneça no Verão que aí vem.
O director
NOTA EDITORIAL
Relembrar costumes
Anuncia-se entre o movimento folclórico nacional a realização de actividades etnográficas que levam à relembrança de tradições e costumes do passado. Os promotores são naturalmente grupos de folclore, que assim acrescentam à sua regular actividade outras vertentes da cultura popular tradicional. Chamam-lhe ‘serões de tradições’ ou ‘encontros tradicionais’, como ainda outras designações que se ajustam ao desempenho do diferente espectáculo de folclore - a retratação dos factos tradicionais. Parece-nos que o modelo está a pegar e a fazer moda nos novos tempos entre a actividade folclórica. Existe vontade de valorizar o trabalho, até então exclusivamente desenvolvido à volta das danças e das cantigas. Estão muito batidas a teclas que escrevem ‘folclore não é apenas dançar e cantar’, sabido que ainda permanecem nas memórias vivas outras vertentes da cultura popular tão ou mais importantes que o folclore bailado e cantado, e que têm sido esquecidas no trabalho dos grupos folclóricos. É a outra parte do folclore que tem sido desvalorizada e mesmo olvidada.
Porventura os grupos estarão a despertar para uma premente necessidade de enveredarem por outras formas de representação do folclore, banindo uma lacuna que há muito se fazia sentir entre o movimento folclórico. São vários os grupos que há muito tornaram efectiva a organização anual de um ‘serão de tradições’. O resultado sempre se pauta pelo êxito, pela inovação do espectáculo folclórico. Naturalmente também porque muitas das recriações fazem com que as camadas mais antigas do público que assiste, revivam costumes e hábitos dos seus tempos de meninos e moços. E as gerações recentes convivam com as suas raízes.
Contudo, o desempenho da recriação das vivências de outros tempos deve ser rodeado por uma conveniente e judiciosa preparação dos “actores” – o conjunto de figurantes que fazem a representação. Como ainda de uma acertada montagem cénica – a estrutura dos cantos e recantos que foram sítios rotineiros dos costumes em representação. No seu conjunto, tudo ajudará a um êxito garantido da nova mostra de folclore. Há muitos e bons exemplos disso, com as vozes de quem assiste a pedir a sequência da iniciativa. O folclore sai valorizado pela complementaridade da sua representação, e os grupos promotores e participantes ganharão pela inovação do espectáculo folclórico.
Se porventura o incentivo deixado por alguns apontamentos de reportagem que temos feito publicar nestas páginas provocou o interesse para novos projectos, isso nos deixará naturalmente satisfeitos, reforçando a promessa de continuarmos a estar onde esses acontecimentos ocorrerem, trazendo-os ao conhecimento geral. E se, por uma questão de agenda, a caneta do repórter do Jornal não puder “talhar” o modelo do espectáculo, que seja a informação dos promotores a permitir a elaboração da peça jornalística.
O director
DESTAQUES
FOLCLORE "À RASCA". Grupos de folclore estão como peixe na água sem oxigénio
Por: Manuel João Barbosa
Como os jovens da actual “geração à rasca”, também o movimento associativo folclórico foi tocado pelas restrições financeiras impostas por uma crise sem limites, e que afecta tudo e todos. Os apoios escasseiam cada vez mais e nalguns casos foram mesmo suprimidos. Significa isso, que os grupos folclóricos se encontram sem condições para desenvolverem a sua actividade na falta de serviços prestados remunerados e sem oportunidades para desenvolverem iniciativas produtoras de proventos. Estão, também, numa situação de “à rasca”.
Começou por uma restrição na cedência de transportes. Depois tocou aos subsídios, de manutenção associativa e cultural, de aquisição de bens, como a construção de sedes, compra de viaturas de serviço e ajuda à aquisição de trajes. Os grupos folclóricos não fogem à regra e encontram-se assim também na situação de “à rasca”.
Arcozelo: Feira Rural Portuguesa
Por: Manuel João Barbosa
Foram muitos os feirantes que assentaram a sua venda na Feira Rural, que decorreu como habitualmente no Largo da vila-sede da Federação do Folclore Português: Arcozelo. Representadas variadas regiões do País, de Trás-os-Montes às Beiras, como do Minho e do Douro. Os produtos diversificaram naturalmente consoante a zona de procedência. Dão fumeiro ao artesanato, passando pela gastronomia tradicional, a oferta era farta.
A Feira Rural Portuguesa em Arcozelo faz já parte do roteiro social da região, como do turismo. Por isso, foi uma vez mais grande a afluência de público ao recinto, naturalmente curioso da recriação de costumes e hábitos de outros tempos, mas também seduzido pela variada oferta de produtos da terra ou da confecção popular, que ostentavam a marca tradicional de diversificadas regiões do País. A festa foi protagonizada pela animação de vários grupos folclóricos, tocadores de concertina, violas e cavaquinhos, como de virtuosos cantadores ao desafio.
NOTÍCIAS
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SECÇÕES:
- FESTIVAIS – Os Festivais com realização no mês de Maio
- TRADIÇÃO / INOVAÇÃO – Régua e esquadro, pelo Eng.º Manuel Farias
- PORQUE NÃO TE CALAS?
A S S I N E
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