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EDIÇÃO N.º 158 (ABRIL 2009)
EDITORIAL
A ajuda francesa
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou recentemente medidas estruturais para reformar e modernizar a imprensa escrita, que atravessa graves dificuldades. O presidente anunciou que será oferecida a assinatura gratuita de jornais impressos (diários ou não) aos jovens franceses de 18 anos. O objectivo é criar nos mais novos hábitos de leitura. Os apoios estão orçamentados em 200 milhões de euros/ano.
As ajudas financeiras à imprensa escrita que o Governo francês acaba de anunciar, trazem alguma esperança a boa parte dos jornais, que a conjuntura arrastou para uma gravíssima situação económica. É conhecida a débil situação financeira da imprensa, até dos grandes grupos editores, trazida por circunstâncias várias, da limitação de publicidade à quebra de vendas.
Por cá, mantém-se o alheamento às dificuldades que a imprensa atravessa. As publicações definham e agravam dia a dia uma já precária existência. As ajudas estatais ao porte dos Correios para os jornais vendidos por assinatura reduzem-se cada ano. E caminham para a extinção total. Sem as ajudas aos portes, o custo da assinatura terá de sofrer inevitáveis agravamentos, que a seu tempo se tornarão insuportáveis para o subscritor.
Em devido tempo o governo anunciou a oferta de assinaturas às Associações portuguesas sedeadas no estrangeiro, e foram várias as que subscreveram a assinatura do Jornal Folclore. Mas foi sol de pouca dura. Até esse pequeno apoio se esfumou.
O Director
NOTA EDITORIAL
O número certo
Inventariámos – uma vez mais – o movimento folclórico nacional. Concluiu-se que o número de grupos e ranchos de folclore em actividade no País – continente e Ilhas – continua a não ultrapassar muito os mil e setecentos grupos. Recordemos que em 2002 fizemos o primeiro inventário com o absoluto rigor dos números, tendo para tal o indispensável apoio das câmaras municipais do território nacional. O número encontrado foi de 1.717 grupos. Na altura propalava-se que existiriam em Portugal cerca de três mil agrupamentos. O número terá saído de uma sondagem da Universidade Nova de Lisboa, onde se terá concluído da existência de tão expressiva quantidade de formações folclóricas. Ao que apurámos, a pesquisa da instituição universitária terá incluído no rol uma significativa lista de conjuntos de cariz recreativo, que não apenas grupos de expressão tradicional (folclóricos).
Um novo percurso por todas as autarquias do País, realizado entre Janeiro e Março, confirmou o número encontrado em 2002, com ligeiras alterações nalguns concelhos e mais acentuadas noutros. Entre as novas formações e as que cessaram a actividade, o total encontrado agora – 1744 – não difere substancialmente daquele que encontrámos sete anos atrás.
Continuamos a ser o País do mundo onde a actividade folclórica se desenvolve mais intensamente. O rectângulo nacional e as suas Ilhas Insulares da Madeira e dos Açores, superam em muito o número de agrupamentos existentes em países com uma superfície incomensuravelmente maior. Os benefícios para a representação de tão desmedida quantidade de grupos e ranchos de folclore estão ainda por apurar. Mas sempre adiantamos que o benefício para o grande movimento seria superior se houvesse um maior entendimento do papel que cabe desempenhar a um grupo folclórico. Convenhamos que a retratação dos aspectos culturais tradicionais continua sobremaneira mal compreendida pelos responsáveis de uma parte dos grupos activos. Nalguns casos os factos folclóricos – aquilo que foi usual entre as comunidades num tempo necessariamente recuado – passam ao lado do trabalho que alguns grupos mostram, porque sempre descuidaram as necessárias acções de recolha dos elementos-base que obrigatoriamente devem estar presentes na formação do conjunto, se se quer representativo do seu folclore.
O Director
DESTAQUES
Recenseámos o movimento folclórico nacional
A mancha folclórica do País
Mil setecentos e quarenta grupos e ranchos de folclore constituem o universo da representação folclórica nacional
A mancha folclórica do País está uma vez mais delineada pelo trabalho acabado de desenvolver pelo nosso Jornal, que decorreu ao longo dos primeiros meses do corrente ano. Em 2002 trouxemos a mesma realidade às páginas do jornal, resultado de um idêntico trabalho. Para a realização do presente levantamento, foram inquiridas todas as câmaras municipais do País, que nos deram informação dos grupos etnográficos em actividade nos seus concelhos. Está desta forma actualizada mancha da representação folclórica nacional. Há no País mais 35 novos grupos, relativamente a 2002.
Um inquérito acabado de realizar pelo nosso Jornal junto de todas as autarquias do país, conclui que estão em actividade, em todo o território nacional, 1.744 grupos e ranchos de folclore. Entre Janeiro e Março realizámos um inquérito nacional para apurar a exacta realidade do movimento folclórico em todo o país. Concluímos assim que o número de grupos e ranchos de folclore, incluindo os grupos corais tradicionais, não chega aos dois milhares, contrariando os números inflacionados, que sempre apontam para cerca de três mil grupos. A realidade uma vez mais dá-nos conta de um número bastante inferior.
(Desenvolvimento na edição impressa)
Por: Manuel João Barbosa
REPORTAGENS
- Salvaguarda e valorização do património cultural popular. Seminário na Golegã tratou de etnografia e comunicação
O CESPOGA – Centro de Estudos Politécnicos da Golegã, promoveu na Golegã um Seminário sobre a investigação etnográfica e comunicação. “Abordar de forma preliminar uma matéria de interesse cultural que, indiscutivelmente, possui implicações no modelo de desenvolvimento local e regional” foi o objectivo da iniciativa dos promotores. Estudiosos desenvolveram a temática sobre os “conceitos do folclore, da cultura, investigação e desenvolvimento” situando-os no “contexto da própria área regional onde a acção teve lugar”.
“Ligar a Cultura Popular e o Folclore à Academia; Incentivar a produção e divulgação do conhecimento sobre o Folclore e criar uma linha de trabalho sobre Folclore na Oficina de Cultura Popular” afecta ao Centro de Estudos Politécnicos da Golegã (CESPOGA), foram os objectivos que presidiram à realização do Seminário que decorreu no dia 20 de Março, na Golegã. Sobre o tema “Investigação Etnográfica e Comunicação”, a iniciativa rodeou-se de propósitos bem definidos sobre a “abordagem a uma matéria de interesse cultural”, como é a cultura popular e o Folclore.
(Desenvolvimento na edição impressa)
Por: Manuel João Barbosa
Glória do Ribatejo homenageou os últimos cingeleiros
Ouvir histórias de vidas, para memória futura
Eram à volta de trezentos os cingeleiros da Glória do Ribatejo na década de cinquenta. Agrários que trabalhavam por conta própria, donos de juntas de vacas e carros que laboravam nas lavra das terras, nas sementeiras e no transporte de lenha e cortiça, desde o Alentejo até ao rio Tejo. Chamavam-lhes por isso, o “comboio da Glória”. E dizia-se que “conheciam o mundo”, porque “iam à borda do mar” (margem do Tejo). Os últimos cingeleiros vivos da Glória foram homenageados pelo Rancho da Casa do Povo local, que aproveitando o tributo aos seus rurais, registou algumas histórias das suas vidas, tidas como “documentos inestimáveis da história de um povo”, segundo a Dr.ª Rita Pote, dirigente do rancho organizador da iniciativa.
A uma junta de bois chamavam-lhe “cingel”. Daí o seu dono ser designado por “cingeleiro”. Os cingeleiros constituíram um agregado especial entre a comunidade gloriana, como afirma Rita Pote, pesquisadora dos aspectos culturais e tradicionais da Glória do Ribatejo, onde nasceu e vive.
(Desenvolvimento na edição impressa)
Por: Manuel João Barbosa
Rancho da Golegã encenou um interessante espectáculo de Fados e Fadinhos
NOTÍCIAS
- Rancho Ceifeiras e Campinos de Azambuja comemora 52 anos em festa pública
- Rancho do Cartaxo promove ‘Noite Castiça’
- Rancho Luz dos Candeeiros lança novo CD e organiza jantar-convívio
- Festival assinalou 51 anos do Rancho “Fazendeiros de Montemor-o-Novo”
- Etnográfico Danças e Cantares do Minho confraternizou num restaurante em Coruche
- Adufeiras de Monsanto no Encontro de Tocadores “Tocar de Ouvido” que decorre em Évora
- Rancho de Benfica do Ribatejo comemora aniversário com folclore de Timor e Angola
- O traje tradicional em exposição no Museu Municipal de Mafra
- Fundação INATEL contempla 630 Centros de Cultura e Desporto
- Associação de Santo Tirso promove oficinas de música, canto e instrumentos tradicionais
- Em Arzila reviveu-se o “Serramento da Velha”
- Rancho Folclórico de Godim arrancou com escola de música
- Brasil: folclore no programa de apoio à cultura popular
- Serão de Cultura Popular em Coimbra Integrado na Semana Cultural da Universidade
- Malhada do Milho em Vilar do Paraíso
- Casa do Minho organiza Pascoela e Encontro de Tocadores de Concertinas
OPINIÃO
- Os jovens no folclore e na etnografia. Pelo Dr. Mário Nunes
- Dançar em meias. Por João Moreira
SECÇÕES:
Inovação / Tradição
Identidade – a personalidade dos povos . Pelo Engº. Manuel Farias
Esfinge
O sindroma da ignorância - Pelo Dr. Aurélio Lopes
Foi notícia… este mês, há treze anos
FESTIVAIS
DISCOGRAFIA
CARTAS AO DIRECTOR
“Informação positiva, que nos ensine…”
PORQUE NÃO TE CALAS?
PLANOS DE ACTIVIDADE
terça-feira, 31 de março de 2009
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