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EDIÇÃO N.º 157 (MARÇO 2009)
EDITORIAL
“Máscaras” de Carnaval
No recente Carnaval demos que alguns foliões ousaram mascararem-se com trajes tradicionais, alguns ricos de confecção e de valor patrimonial e cultural. Cremos não ser legítimo usar como “máscara” tão simbólicas vestes, que outrora constituíram uma marca cultural das comunidades de então e foram referência para quem, com orgulho as envergou. Uma máscara para diversão carnavalesca pressupõe que deva ser uma fantasia burlesca, algo cómica e caricata quanto possível. O traje tradicional fugirá a estes desígnios. Pelo menos no entendimento de quem olha positivamente as coisas da cultura popular – a etnografia.
Não querendo passar os limites do puritanismo, entendemos que o disfarce – o traje tradicional – estará desajustada à galhofa que o tempo de folguedo exige. E duvidamos que a brincadeira envolva algum sentimento de nostalgia, mas antes motivo para satirizar e mesmo de ridicularizar o próprio folclore, que às vestes se associa.
O Entrudo, sendo como se disse um tempo de folia, tem a si associados animados momentos de brincadeira e de diversão, que se compreendem e respeitam. Como se respeitam os divertimentos e fantasias mais contemporâneas.
Que se deixem para os locais certos a representação das vestes tradicionais.
O director
NOTA EDITORIAL
13 ANOS
Completam-se treze anos de publicação regular do Jornal Folclore. No dia 1 de Março de 1996 era distribuído o primeiro número. A caminhada adivinha-se difícil, ou o tema tratado, por tão cioso, não se invada de abrolhos, que algumas vezes levam ao desalento, com uma boa dose de angústia à mistura. Contudo, o percurso tem mantido um trajecto natural, que tem levado cada edição a uma periodicidade disciplinada, chegando ao leitor impreterivelmente nos primeiros dias de cada mês. Naturalmente que a proeza não se coaduna com uma série de dificuldades, provindas dos sectores de produção, quando o respectivos serviços não se integram na estrutura do próprio Jornal, como são os serviços de composição e impressão gráfica.
Tem ajudado à prossecução do projecto alguma noção da responsabilidade, que sempre tem norteado o nosso trabalho, naturalmente pelo respeito que nos merecem os leitores-assinantes, que são a base do suporte económico do Jornal. Se o trabalho que oferecemos tem tido consequências positivas, ao leitor compete avaliar. De forma conscienciosa temos procurado informar com rigor, contribuindo – julgamos – para alargar horizontes sobre o folclore e a sua representação pelos grupos tradicionais. Outrossim, cremos que cada número representa mais um registo importante da história do folclore nacional. E ninguém contestará a importância desse registo como arquivo de uma herança cultural, legada pelos antepassados. Só por isso, e se por mais não fora, pensamos que aquilo que fazemos servirá para alguma coisa.
Ao longo de treze anos a sua publicação têm-se revelado regular e pontual. Mas o futuro antevê-se negro, agravado por uma quase total ausência do indispensável apoio estatal, não obstante a existência de um programa denominado “Incentivo à Leitura” (antigo Porte Pago), que passa pela ajuda ao porte dos correios para os jornais expedidos por assinatura. O governo está a eliminar a ajuda que vinha atribuindo aos portes de correio, o que virá naturalmente a agravar o valor das assinaturas e a tornar insuportável a sua subscrição. O anúncio do encerramento de vários jornais é já notícia vulgar e boa parte labutam como peixe sem oxigénio. O principal suporte financeiro – as assinaturas – está a perder-se devido ao imperioso aumento das anuidades da subscrição. Enquanto isso, em França o Governo acaba de incluir no orçamento uma verba de 200 milhões de euros/ano para subsidiar as assinaturas dos jornais a jovens com menos de 18 anos. Trata-se, na sua acertada forma de incentivo à leitura, que tem o objectivo de estimular os jovens precisamente para a leitura de jornais. Uma medida importante no apoio aos jornais e incentivador do hábito pela leitura.
Por cá, o que reservará o futuro à comunicação social?
O director
DESTAQUES
Académicos e licenciados trocam a gravata pelo traje
Doutores e engenheiros com a paixão do folclore
Longe vai o tempo que dançar folclore era para prosaicos bailadores, porventura coisa de campónios. Mas hoje os grupos folclóricos invadem-se de universitários e de personalidades com elevados graus académicos, que ao fim de semana tiram a gravata e vestem o traje representativo do folclore da sua região. São quadros médios e superiores que assumem a gestão de grandes empresas ou são quadros responsáveis na administração de sectores de peso das mais diversificadas instituições. Engenheiros e doutores, arquitectos, advogados, e até juízes e padres ou apenas respeitosos funcionários superiores que não renegam a sua condição de modestos folcloristas. Sapiências entre os mais variados sectores da sociedade. Fazem-no com particular sentido de responsabilidade profissional. E no folclore estão com muita paixão e especial incumbência.
Manuel João Barbosa
Muitos são os folcloristas com formação académica que participam o movimento folclórico, agarrados a uma causa que os motiva desde a meninice e a adolescência. Desvalorizar a vertente da cultura popular é coisa que não admitem àqueles que ousam aviltar o folclore. E desgostam-se sempre que ouvem um qualquer responsável fazer uso de forma depreciativa do termo folclore. Exercem as mais variadas profissões superiores e abundam nas estruturas da esmagadora maioria dos grupos e ranchos de folclore. São quadros executivos médios ou superiores de importantes empresas, médicos, engenheiros, advogados, sociólogos, professores, geógrafos, psicólogos, relações internacionais, padres. (…)
(Desenvolvimento na edição impressa)
Federação reúne com núcleos técnicos regionais
Conselheiros no terreno
A Federação do Folclore Português chamou uma vez mais os coordenadores dos núcleos técnicos nacionais e apresentou o plano para reestruturação do movimento folclórico federado, um trabalho que se quer concluído até final do próximo ano. Os conselheiros técnicos terão de visitar, com a celeridade possível, os grupos membros da Federação e certificarem-se da qualidade do trabalho de representação que oferece cada um dos grupos associados. A medida tem em vista dar credibilidade à oferta do folclore que é caracterizado pelos grupos filiados, aferindo um selo de qualidade à actividade folclórica federada. “Arrumar a casa”, prometeu o presidente.
Manuel João Barbosa
Harmonizar o programa de acção dos conselheiros com vista a uma aturada avaliação representativa dos grupos filiados foi o objectivo que presidiu à reunião da direcção da Federação do Folclore Português com os coordenadores dos núcleos técnicos regionais de todo o País, e que aconteceu no dia 14 de Fevereiro em Arzila, Coimbra, centralizando no País o encontro. Aos membros técnicos foi pedido trabalho acelerado para cumprimento das metas pré-determinadas. Até 2010 o movimento folclórico federado tem de estar corrigido e disciplinado. Isto é, isento de pormenores inadequados à reprodução dos factos folclóricos. (…)
ARTIGOS RELACIONADOS:
- Batas brancas e sotainas dão lugar aos trajes
- Doutores que são pescadores e engenheiros que tratam o pastoreio
(Desenvolvimento na edição impressa)
Roubado todo o espólio do Grupo de Macinhata do Vouga
As instalações do Grupo Folclórico e Etnográfico de Macinhata do Vouga, Águeda, foram completamente espoliadas de todo o património etnográfico. Todos os trajes, alguns originais, guardados em armários, e cerca de sessenta pares de calçado de confecção artesanal, entre botas, tamancos e chinelas, foram levados pelos larápios, que ainda levaram uma aparelhagem sonora e um frigorífico, entre outro material. Pela calada da noite as instalações foram arrombadas e saqueadas. O desprezível assalto ocorreu na noite de 19 de Janeiro e ainda não há pistas dos ladrões.
Manuel João Barbosa
Estivemos na sede do Grupo Folclórico de Macinhata do Vouga poucos dias depois do ignóbil assalto ao edifício que serve de sede provisória do prestigiado grupo. O sentimento era ainda de choque entre dirigentes e componentes. No fecho da paginação da nossa edição de Fevereiro ainda pudemos inserir um pequeno texto do nosso colaborador Manuel Farias, onde se apelava à solidariedade e ao espírito da família folclórica para a eventualidade de em qualquer circunstância virem a identificar a presença de algumas das peças roubadas (…)
(Desenvolvimento na edição impressa)
REPORTAGENS
- Grupo Folclóricos da Região do Vouga apagou 40 velas
O Grupo Folclórico da Região do Vouga, de Mourisca do Vouga (Águeda), comemorou no dia 24 de Janeiro o seu 40.º aniversário. A efeméride foi evocada num restaurante da região e reuniu mais de trezentos convivas e todo o staff do grupo. Presentes também algumas entidades locais, como os representantes da Câmara Municipal de Águeda, da Junta de Freguesia da Trofa e da Federação do Folclore Português.
Manuel João Barbosa
O dia foi de relembranças do passado mas também de perspectivas para o futuro. Na passagem do 40.º aniversário, o Grupo da Região do Vouga juntou uma enorme força colectiva da comunidade de Mourisca do Vouga, que quiseram dizer presente ao seu prestigiado representante, deixando na mesa da refeição o contributo para ajudar às elevadas despesas de reconstrução do Museu Etnográfico da Região do Vouga, propriedade do Grupo de Mourisca do Vouga, e que, como informámos, está a sofrer profundas obras de reestruturação. (…)
(Desenvolvimento na edição impressa)
NOTÍCIAS
- Câmara Municipal de Faro mantém o Projecto Pedagógico de Folclore
- Braga: vereadora da cultura propõe Fecisco para a toponímia bracarense
- Grupo Semente, de Anta, cantou as Janeiras em S. João da Madeira
- Rancho de S. Pedro da Bela Vista cantou as Janeiras
- A Casa do Minho em Lisboa cantou as Janeiras
- Belazaima do Chão (Águeda) en(contra) as mimosas
- Rancho da Casa do Povo de Glória do Ribatejo vai homenagear os cingeleiros
- Santarém: Celebrada a escritura pública da Associação de Folclore do Ribatejo
- Produtores do queijo da serra queixam-se dos elevados custos da certificação
- Homenagem a Giacometti reclama a reedição da série “Povo que Canta”
- Sede do Grupo Académico de Santarém assaltada
- Assembleia geral do Rancho Rosa do Lena aprovou um voto de agradecimento ao Jornal Folclore
- Casa do Minho repete o almoço tradicional da lampreia
- Grupo Folclórico da Rinchoa organizou o Enterro do Bacalhau
- Rancho “As Paliteiras" de Chelo comemorou aniversário
- Rancho Regional de Ílhavo comemorou as Bodas de Prata
- Editora IdealVoice com larga experiência na gravação de música folclórica
- Rancho Rosas do Lena prepara comemorações do 46.º aniversário
- Águeda: Os Serranos e a formação
- Câmara Municipal de Gaia atribui subsídios
SECÇÕES
Inovação / Tradição
Esfinge
DISCOGRAFIA
- Cânticos de Natal da Região de Coimbra
- Lembranças Fotográficas
- Joaquim Santana – as minhas memórias
- Pampilhosa – Uma Terra a um Povo
- Mares d’Alma
CARTAS AO DIRECTOR
“Folclore versus “Folclore”
PORQUE NÃO TE CALAS?
PLANOS DE ACTIVIDADE
Grupo Folclórico de Faro / Rancho Folclórico Fazendeiros de Montemor-o-Novo / Rancho Folclórico e Etnográfico do Zagalho e Vale do Conde (Penacova) / Associação Rancho Folclórico de Retaxo (Castelo Branco).
CORPOS GERENTES
- Rancho Folclórico Rosas do Lena (Rebolaria, Batalha)
- Casa do Minho em Lisboa
FESTIVAIS
MARÇO
DIA 14 - Rancho Folclórico Fazendeiros de Montemor-o-Novo
A S S I N E
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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
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