domingo, 28 de dezembro de 2008

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Edição N.º 155 (Janeiro 2009)

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Editorial
Um novo ciclo?
A Federação do Folclore Português chamou os seus conselheiros técnicos (ver página 8) e exigiu um rigoroso cumprimento dos preceitos que as normas estatutárias impõem dentro do universo folclórico federado. A direcção deixou na mesa “novas regras para definir, estruturar e controlar a representatividade dos grupos de Folclore associados”. Conjectura-se assim uma reorganização do movimento folclórico inserido no seio da Federação.
Se a cruz chegará ao calvário, é a interrogação de todos, a começar pelos próprios dirigentes da instituição. Será, contudo, esse o desejo colectivo. Mas prevê-se que muita água vai correr por algumas montanhas abaixo. A tormenta vai ser grande, com muitos abrolhos pelos caminhos que levam a algumas perturbações etnográficas ou folclóricas que estão no regaço da Federação.
Vozes têm pregado num absoluto deserto contra vícios e um perfeito desregramento das normas estabelecidas pela própria associação-mãe – a Federação. Uma animadora firmeza dos responsáveis dirigentes pelo cumprimento rigoroso das medidas que impõem um respeitado desempenho da representação tradicional por parte dos grupos que ostentam a carimbo da instituição, entusiasma quantos se opõem a um desvario da actividade folclórica que carrega o peso da responsabilidade de retratar com decoro os valores culturais tradicionais.
É tempo de disciplinar o movimento federado, para que possa apresentar-se como referência e exemplo para as demais formações etnográficas, contribuindo assim para credibilizar a actividade folclórica, tornando-a respeitada e considerada.
O director

Nota Editorial
O serviço público

O Governo tem vindo desde há três anos a reduzir o apoio ao porte dos jornais que são expedidos para os assinantes através do correio. O objectivo passa por acabar de vez com esse apoio.
As tabelas de preços das assinaturas são, na esmagadora maioria dos casos, inferiores aos custos de produção – composição e impressão – a que acresce outros encargos naturais – aquisição de equipamentos, telefone, Internet, viaturas e combustíveis, vencimentos e encargos sociais, etc.
O Jornal Folclore tem sobrevivido graças à carolice de quantos o fazem, libertando-se de encargos salariais ou recompensas remuneratórias aos seus redactores, que têm continuadamente a desenvolver o seu trabalho de forma completamente gratuita, como o prova a ausência da rubrica de vencimentos no respectivo movimento contabilístico da sua Corporativa Editora.
O fim da ajuda Estatal ao porte dos correios sobrecarregará o valor da comparticipação dos assinantes, tornando incomportável a venda via postal.
O Governo está irredutível na drástica medida, que vai obrigar muitos jornais a fechar a porta. Requiem para grande parte da imprensa regional. A ajuda, que foi inicialmente fixada em 80% sobre o custo do porte, tem vindo a baixar 10% cada ano, por deliberação do actual Governo. Em 2009 a comparticipação do Estado já só será de 30%.
Um manifesto serviço público que a comunicação social presta ao País – muito especialmente a imprensa regional, porta-voz dos anseios das populações e mensageiro para os ausentes das suas terras – não é reconhecido pelos actuais governantes. O problema económico é tão só político. Não será certamente uma migalha do orçamento do Estado que afectará as finanças públicas, considerando que em áreas de somenos, o respectivo orçamento aparece acrescido de milhões de euros. O Orçamento de Estado para 2009 contempla as empresas de comunicação social do Estado – a RTP, a RDP e a Lusa – com mais 161 milhões de euros em relação a 2008, recebendo na totalidade as três empresas, como compensação pela prestação do serviço público, mais de mil milhões de euros. Mais cem milhões de euros reforçaram no final ano findo o orçamento do Exército, só para acudir aos vencimentos dos militares e reformas milionárias respeitantes aos últimos três meses do ano que termina. A reforma dos políticos custará ao erário público qualquer coisa como oito milhões e meio de euros, e em estudos, projectos e pareceres encomendados a gabinetes de advogados, de engenharia e consultores privados, o Governo já orçamentou 168 milhões de euros para o corrente ano. A lista alarga-se a ministério de Manuel Pinho, que pagou ao fotógrafo Nick Knight 300 mil euros por ter fotografado oito portugueses ilustres e um milhão de euros a Steven Klein pelo seu talento em seis imagens para a próxima campanha de promoção de Portugal, a lançar em 2009, somando já 18,5 milhões de euros a verba dispendida na campanha. E fala-se na compra de submarinos, entre outros pequenos luxos governamentais: o gabinete do primeiro ministro pagou 7 mil euros por garrafas de um caro vinho tinto duma Quinta nortenha da colheita de 2006, ainda não comercializado, enquanto a secretaria-geral do Ministério da Justiça gastou em decoração 22.265 euros na compra de 8 carpetes e o Estado-Maior General das Forças Armadas pagou 7.300 euros pelo transporte de mobiliário e objectos pessoais de um coronel do Exército, para Itália. A lista é extensa.
Poupança à parte, privilégios para as mordomias de governantes e assemelhados. O cinto aperta-se no entanto, para áreas de interesse público.
O Director

Destaques

Ajustar estratégias para credibilização folclore federado
Direcção da Federação reúne com núcleos técnicos de todo o País

A direcção da Federação do Folclore Português reuniu no dia 1 de Dezembro, em Arzila (Coimbra) com os coordenadores dos Núcleos Técnicos Regionais. Reflectir sobre os objectivos delineados num programa cheio de novas ideias com vista a disciplinar o movimento folclórico federado, foi um dos propósitos da reunião. Defender o património da adulteração; conquistar o reconhecimento das entidades e apresentar resultados de sucesso para os grupos filiados, são objectivos esboçados à espera de uma redacção que os torne regra de lei, e que irão acompanhar um trabalho que se quer sereno mas inflexível. As estratégias afinam-se para pôr ordem na casa.

Manuel João Barbosa
Como que uma declaração de combate ao mau trabalho que é oferecido por uma parte dos grupos federados, que se desviam dos preceitos estatutários relativamente a uma adequada representação dos valores culturais e tradicionais das respectivas regiões etnográficas, a direcção da Federação do Folclore Português, apresentou no dia 1 de Dezembro um esboço de novos princípios estratégicos com vista a responsabilizar os grupos filiados por uma deficiente representatividade. (…)
(Desenvolvimento na edição papel)

Fernando Ferreira, presidente da FFP: “Será bom que tudo façamos agora para que um dia não sejamos acusados pelas gerações vindouras de não termos sabido acautelar uma herança que nos foi legada pelos nossos antepassados”

Entrevista: Manuel João Barbosa

Num sério apelo à reflexão, o presidente da Federação do Folclore Português, Fernando Ferreira da Silva, lança o desafio: “A casa terá de ser arrumada quanto antes”. Exigir o rigoroso cumprimento das regras de avaliação da representatividade dos grupos filiados, foi o objectivo da reunião que decorreu no dia 5 de Dezembro em Arzila, Coimbra, com os conselheiros técnicos de todo o País. Os conselheiros preparam-se para arrumar a casa, impondo as normas estatutárias que obrigam a um rígido desempenho da representação. Em causa está o trabalho desajustado de alguns grupos membros efectivos da Federação. (…)
(Desenvolvimento na edição papel)

Há dois anos a aguardar uma solução de cedência de instalações por parte da Câmara Municipal
O Rancho da Região de Leiria, despojado das instalações que ocupava, vê o seu espólio degradar-se em espaços do mercado municipal

Manuel João Barbosa

“Um rancho sem abrigo”, é como José Vaz, presidente do Rancho da Região de Leiria, qualifica a situação que o grupo vive há dois anos, depois que foi despejado das instalações que ocupava, cedidas pela Região de Turismo. O espólio do mais antigo rancho do concelho de Leiria, recolhido ao longo de quase cinquenta anos, degrada-se em caixas e caixotes, armazenados em duas lojas desactivadas do Mercado Municipal à espera de um lugar digno para se preservar e expor. (…)
(Desenvolvimento na edição papel)


Reportagens
- Colóquio em Leiria de apoio ao folclore da Alta Estremadura
- O Jornal Folclore entre os eleitos. Grupos Académico e Infantil de Santarém agraciaram novos Sócios de Mérito

Notícias
- Uma centena de concertinas e cavaquinhos encheram de música tradicional o Teatro da Trindade no Festinatel
- Santarém: Rancho de Alcanhões comemora Bodas de Prata com espectáculo no Teatro Sá da Bandeira
- Celebrações tradicionais do Natal e Cantares de Janeiras – Cantares de Fé Belazaima do Chão; Natal foi comemorado na Cortelha; Etnográfico da Casa do Pessoal dos Hospitais da Universidade de Coimbra ofereceu Cantares do Ciclo Natalício; Encontro de Janeiras em Minde e em Santiago de Bougado (Trofa); Natal de Belazaima na Antena Um; Encontro de Cânticos Natalícios e Religiosos de Retaxo; Cantares de Janeiras em Argoncilhe e em Anta (Espinho).

- Águeda: Ceia Serrana: casa cheia de tradições
- Madeira: “A despicar também a gente se entende” em workshop de formação
- Futura Associação de Folclore do Ribatejo já tem designação admitida
- O Jornal Folclore entre os nomeados. Grupos Académico e Infantil de Santarém elegeram novos Sócios de Mérito
- Águeda: Museu Etnográfico da Região do Vouga em obras de restauro
- Rusgas a S. Martinho de Anta
- Santarém: Centro de Exposições e Federação preparam a presença do folclore e da etnografia na Feira Nacional de Agricultura
- Jornadas etno-folclóricas em Castelo Branco com momentos etnoculturais variados
- Madeira: Etnográfico da Boa Nova “conquistou” Leninegrado, na Rússia
- Águeda: Museu Etnográfico da Região do Vouga em obras de restauro
- Rancho do Cartaxo reúne componentes e amigos em almoço de convívio
- EIRANÇAS promoveu formação na região vareira
- Rancho Folclórico de Godim, Régua, comemorou aniversário
- Jantar de aniversário do Etnográfico da Gafanha da Nazaré
- Rancho Folclórico da Fajarda ocupa antiga escola primária
- Rancho Folclórico de Tavira promove aulas de folclore
- Rancho Tradicional de Cinfães festeja 3.º aniversário
- Rancho Regional de Ílhavo assinala aniversário com jantar de convívio
- Costumes madeirenses em exposição na Brandoa
- Grupo Folclórico da Corredoura ofereceu Ceia de Natal
- Viana do Castelo: “Notas do Folclore Vianês” em Livro
- Workshops intensivos de Concertina em Águeda


SECÇÕES

Inovação / Tradição
- A navalha de Ockham, pelo Eng.º Manuel Farias

Discografia

Cartas ao director
Direito de Resposta

Porque não te calas?

Planos de actividade
Actividades da Federação do Folclore Português para o ano de 2009


NO PRÓXIMO NÚMERO
Viagem às aldeias de xisto
Visitá-las é conhecer um mundo novo, um mundo que foi de asperezas e de agruras. Um mundo que se chama Candal, Talasnal e Casal Novo.

Acompanhe a nossa viagem na reportagem que aqui trazemos na próxima edição.


A S S I N E!

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